Uma pesquisa da PWC Brasil — feita com 21 mil compradores online e apresentada em primeira mão — revelou que o consumidor brasileiro está disposto a pagar até 1/3 a mais por uma boa experiência de compra.
O estudo aponta que além das métricas de retorno sobre o investimento (ROI), a organização precisa estar ciente de como se apresenta a experiência de compra do seu consumidor (métrica de ROX, ou Return on experience).
Quem explicou sobre essa tendência foi Ricardo Neves, sócio da pesquisadora. No palco do Fórum Digitalks 2019, ele afirmou que não adianta mais oferecer um site de ponta, se a experiência de compra for mediana. “Dos 27 países pesquisados, descobrimos que o Brasil tem o consumidor que mais valoriza a experiência de compra no mundo. E ele quer essa excelência em todos os pontos de contato da relação, inclusive no mundo físico”.
Essa informação é de extrema importância, dado o levantamento de que 94% dos consumidores de todas as classes já compraram no online. “Praticamente toda a classe C utiliza aplicativos para transações bancárias. O consumo online por celular subiu para a metade da população brasileira. Para ter uma ideia, 1/4 das vendas de calçados no país já é feita no online. Isso só reforça que o lojista deve investir na experiência de compra”, afirmou Ricardo.
Estudo aponta que metade dos brasileiros realizam suas compras por smartphone ao menos uma vez por mês.
A tecnologia na experiência de compra
De acordo com a pesquisa, o brasileiro é favorável à adoção de tecnologias. 80% da população brasileira — reunindo todas as classes sociais — gosta de cuidar da saúde e já utiliza até 3 aplicativos para isso. Além disso, 52% obtêm informações por canais não tradicionais de mídia (blogs, sites, aplicativos, jornais digitais…). No restante do mundo, segundo o levantamento, 32% ainda optam pelas mídias tradicionais, como os jornais New York Times, Financial Times e CNN, por exemplo.
Outro dado interessante: 76% dos consumidores fazem streaming de filmes e programas de TV duas vezes por semana ou mais. E os millenials lideram essa tendência: mais de 57% dizem assistir filmes ou vídeos dessa forma ao menos uma vez por dia.
Experiência de compras sem atrito
Tanto no ambiente físico como online, a jornada de compras deve ter o mínimo de atrito possível. Para isso, o estudo aponta alguns dados a serem observados:
Métodos mais fáceis e rápidos de pagamento se tornaram o principal atributo de melhoria da experiência de compra na loja física para 58% dos entrevistados no Brasil;
41% desejam tecnologias auxiliares enquanto percorre a loja de maneira rápida e conveniente;
44% têm o interesse em pagar pelas suas compras dentro da loja via app;
39% dos que compram em marketplaces acabam comprando com maior frequência.
Amazon
Apesar de ainda não chegar no mesmo patamar de outros países, como EUA e Japão, a Amazon cresce de forma contundente no Brasil — 57% dos consumidores disseram ter feito uma comprar na empresa, ante os 47% apresentados recentemente. “Amazon deve estar na pauta de discussão dos lojistas, pois acreditamos que ela promete muito no mercado nacional”, disse Ricardo.
Como medir o retorno sobre a experiência de compra?
Segundo Ricardo, há algumas questões importantes a serem colocadas em prática nas organizações para começar a entender como medir o retorno sobre a experiência de compras. São elas:
- Quanto os seus colaboradores estão emocionalmente envolvidos com o propósito da sua marca?
- Identifique quais comportamentos essenciais geram impacto no resultado. A instalação de um sistema transacional talvez não gere um retorno de experiência, mas sim de investimento.
- Quais investimentos você está fazendo para envolver os seus colaboradores como embaixadores da sua marca?
- Até que ponto você está gerando valor aos olhos dos seus clientes, internos e externos? Projetos de investimento, atividades aos funcionários…Como está medindo os resultados financeiros? Se investiu em experiência, quanto aumentou as vendas em cima dessa questão?
Para aumentar a experiência e o retorno, portanto, deve ser mudado o comportamento do consumidor. Ou seja, deve ser criado novos canais, estar com o consumidor quando ele precisar, fazer algo a mais para gerar uma situação positiva.
Ações concretas nas organizações
A organização que busca melhorar o retorno sobre a experiência de compra sem considerar a experiência dos colaboradores perderá uma parte fundamental do investimento. Isso porque gera informações valiosas sobre o que satisfaz o empregado e, consequentemente, o cliente.
- Entenda o consumidor – isso deve ocorrer com base no comportamento deles, e não do seu. É preciso entender as necessidades de fora pra dentro.
- Comunidades com propósito – é preciso haver um objetivo na comunidade, com interação. Encontre formas de engajar seu negócio com o público interno e externo, especialmente quando se fala de dispositivos móveis e redes sociais.
- Propicie momentos mágicos – dê um verdadeiro diferencial que o cliente não espera. Todos estão fazendo o mesmo, e você deve gerar uma boa experiência. E o mesmo vale para o seu colaborador. Se ele não falar bem da sua empresa/marca, quem falará? Pense em seu empregado como se ele fosse o seu consumidor.
- Experiência digital – aumente a segurança, pois do contrário tudo será perdido. Consumidores buscam outras opções ao perceberem que a empresa não é capaz de proteger suas informações privadas. O mesmo vale sobre o valor gerado a partir dessa troca de informações — deve ser positivo.
- Foco na jornada – todos buscam uma diferenciação. É preciso, portanto, estar atento e criar incentivos dentro da organização para refletir no resultado da empresa. Compreender qual o tipo de experiência do cliente física ou digitalmente se faz necessário. Oferecer qualidade de sortimento e preço, recomendações, exclusividades… Vale inclusive conectar pesquisas online com visitas presenciais para gerar o melhor relacionamento empresa/consumidor.
Para acessar o estudo na íntegra, clique aqui.
Por Giuliano Gonçalves, via redação do E-Commerce Brasil.